Estou dormindo com plugs no ouvido pra anular a sonora companhia do Marcão, e está funcionando muito bem, aliás, bem até demais, pois não escuto nada, e daí dormindo quentinho e em silêncio, eu não acordo! A gente combinou de sair mais tarde hoje pra não pegar muito frio na cordilheira, mas eu queria acordar antes das 8h30. Mas deu tudo certo, tomamos um bom café no hotel e pegamos a estrada às 10h da manhã.
Fiquei economizando os pesos então estava abastecido para pagar os pedágios até a fronteira, são 3 e totalizam 1.600 pesos por moto. Mesmo pagando os pedágios e dois chocolates quentes em Portillo, ainda me sobraram uns 15.000 pesos chilenos que vou ter que trocar quando voltar.
Passamos por Guardia la Vieja, o local onde dormi quando eu vim em 2004, mas não reconheci o hotel/restaurante onde ficamos, acho que demoliram aquele troço (graças aos céus). Abastecemos em Rio Blanco, que é o último posto antes de Uspallata e fomos subir a cordilheira pra chegar à fronteira, mas paramos um pouco antes na estação de esqui de Portillo, à beira de um lago andino muito bonito. Entramos pra visitar o hotel e aproveitamos pra tomar um chocolate caliente e usar os baños. Fora de temporada essas estações ficam uma tristeza de tão vazias, quando chegamos ao grande salão do restaurante com vista para o lago, os três funcionários estavam sentados às mesas batendo papo, e daí nós chegamos pra atrapalhar a folga.
A passagem pelas fronteiras e aduanas é uma comédia, na saída do Chile ninguém nem olha pra sua cara, daí depois de passar o túnel Cristo Redentor, com 3 quilômetros de fuligem de caminhão suspensa, chegamos a umas cabines, tipo pedágio, onde um argentino grosso pergunta sua `placa patente`, daí você diz a placa da moto e ele anota num pedaço de papel de pão e mete um carimbo, e quando você olha o que está anotado é qualquer outra coisa, porque ele não entende o que a gente fala; a minha placa ele até acertou mas a do Marcão...
Quilômetros depois a gente chegou ao centro aduano argentino, daí a coisa era caprichada com vários guichês e muitas filas, um pouco à nossa frente tinha uma moto vermelha com placa da Inglaterra, era uma V-Strom 650 com 3 malas grandes e o maluco me disse que estava vindo do Qatar, antes de chegar à Santiago, onde ele tinha ido pra San Pedro no Atacama e passeado por outros lugares também; me disse que estava indo pra Mendoza e que no final de semana tinha uma festa em Buenos Aires; perguntei a quanto tempo ele está na estrada e ele me respondeu que faz 40 anos (!) e que ele é engenheiro então pode trabalhar de qualquer lugar; bom, com aquele rabinho no cabelo e aquela cara de bicho grilo, ele deve ser engenheiro químico com especialização em metanfetamina.
Depois de passarmos pela aduana, andamos mais uns 17km até a barreira da Gendarmeria argentina, que pediu o tal papel de pão (agora cheio de carimbos) e nos liberou pra entrar no sagrado solo argentino!
Daí foram mais uns 50 km até chegar em Uspallata onde paramos pra tomar um café antes de descer a serra pra Mendoza. Um pouco depois da saída de Uspallata, o trânsito parou por causa de um motoqueiro que arrebentou sua Harley numa curva, acho que ele estava indo pro encontro no Chile, mas a viagem dele acabou porque a moto destruiu, ficamos até surpresos dele estar de pé e bom o suficiente pra estar bravo.
Chegando em Mendoza, fomos direto pro Ibis, que não tinha vagas por conta de um congresso médico que está ocorrendo até sexta-feira na cidade. O rapaz do balcão ainda nos disse que tudo estava 100% ocupado e que a melhor chance nossa era saindo da cidade e procurando os hotéis mais afastados, ou poderíamos tentar a sorte no centro. Alí perto vimos um Intercontinental e resolvemos parar, para nossa supresa, era lá mesmo que estava ocorrendo o congresso, pois eles tem o segundo maior centro de eventos do país (perdendo apenas para Buenos Aires) e apesar disso eles tinham uma vaga pra gente. Check-in feito e banho tomado, agora estamos no shopping em frente onde jantamos e estamos `filando` a internet gratuita á que no hotel eles cobram.
MENDOZA
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